Cuba a pé segredos que só quem caminha descobre

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A bustling and colorful street scene in Old Havana, Cuba. The foreground features weathered cobblestone streets and vibrant colonial buildings, some with charming peeling paint and intricate wrought iron balconies. Elderly Cuban men are deeply engrossed in a game of dominoes on a sidewalk table, while a group of locals spontaneously plays lively salsa music nearby. The air is warm and filled with the scent of coffee, bathed in the soft, golden light of late afternoon. High detail, authentic, candid street photography style.

Sabe aquela sensação de pisar em ruas onde o tempo parece ter parado, cada passo revelando uma nova história, um cheiro de café fresco misturado com o aroma do charuto, e o som inconfundível de uma rumba no ar?

Foi exatamente isso que senti ao desbravar Cuba a pé. Lembro-me da primeira vez que me perdi — de propósito, claro! — pelas vielas de Havana Velha, observando a vida pulsante e real que muitos turistas nunca chegam a ver.

Andar por Cuba não é apenas um exercício físico; é uma imersão profunda na alma de um país vibrante, um verdadeiro mergulho cultural que te conecta diretamente com o cotidiano e a resiliência de seu povo.

Nos últimos anos, com a crescente busca por viagens mais autênticas e sustentáveis, percebo que caminhadas exploratórias em destinos como Cuba se tornaram não apenas uma moda, mas uma necessidade para quem busca algo além do superficial.

É uma forma de desvendar os segredos escondidos, de ver a arquitetura colonial de perto, de interagir com os locais e de saborear cada momento sem pressa, sentindo o ritmo único da ilha.

Essa tendência de ‘slow travel’ está transformando a maneira como exploramos o mundo, e Cuba, com sua atmosfera singular e paisagens variadas, oferece um cenário perfeito.

Esqueça os pacotes fechados; a verdadeira Cuba se revela a cada passo, e a experiência é ainda mais rica quando você decide explorar os bairros menos turísticos, onde a vida cubana acontece de verdade.

Vamos descobrir exatamente.

Vamos descobrir exatamente como cada passo pode ser uma descoberta transformadora na ilha que pulsa com uma energia tão única e contagiante. Para mim, caminhar em Cuba é mais do que um meio de transporte; é uma forma de arte, de imersão total.

A Magia de Havana Velha a Pé: Um Labirinto de Histórias e Sensações

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Quando penso em Cuba, a primeira imagem que me vem à mente é Havana Velha, com suas ruas de paralelepípedos desgastados pelo tempo e a arquitetura colonial que te abraça a cada esquina.

Lembro-me vividamente da minha primeira manhã lá, quando decidi simplesmente sair e me perder. Não havia roteiro, apenas a curiosidade me guiando. Foi assim que descobri pátios escondidos onde crianças jogavam futebol com bolas improvisadas e senhoras acenavam das varandas, enquanto o cheiro de café coado pairava no ar.

A cada virada, um novo mural se revelava, uma banda de salsa começava a tocar espontaneamente em uma praça, e a vida real acontecia sem filtros, sem pressa.

A sensação de estar em um museu vivo, onde as pessoas habitam e interagem com a história, é algo que só se experimenta caminhando e permitindo que a cidade se desvende em seu próprio ritmo.

É uma experiência que transcende qualquer pacote turístico, conectando você diretamente à alma cubana.

Primeiros Passos e Encontros Inesperados

1. Minha jornada por Havana Velha começou na Plaza Vieja, onde a luz da manhã beijava as fachadas coloridas dos edifícios. Dali, em vez de seguir o fluxo dos guias, virei à esquerda em uma rua estreita e sombria.

Foi lá que encontrei um grupo de idosos jogando dominó com uma intensidade que parecia definir suas vidas. Eles me convidaram para observar, e, mesmo sem falar muito espanhol na época, o convite era claro: “venha, faça parte”.

Esses pequenos gestos de acolhimento são o que tornam Cuba tão especial, e eles só acontecem quando você se permite desbravar a pé, sem pressa, com o coração aberto.

2. Continuando a caminhada, me deparei com uma escola onde as crianças, uniformizadas, brincavam no pátio, e seus risos ecoavam pelas paredes. A energia era contagiante.

Perto dali, uma senhora vendia mamão fresco em uma bandeja improvisada na porta de casa, e o sabor da fruta, tão doce e suculenta sob o sol cubano, é uma lembrança que carrego com carinho.

Esses momentos autênticos, longe dos pontos turísticos superlotados, são o verdadeiro ouro de Havana.

Arquitetura Colonial e o Pulso da Cidade

1. Caminhar por Havana é admirar uma arquitetura que conta séculos de história, desde o esplendor colonial espanhol até os edifícios art déco que mostram a influência americana.

É fascinante ver a decadência charmosa de alguns prédios, com suas paredes descascadas revelando camadas de tinta e de tempo, contrastando com outros meticulosamente restaurados que brilham sob o sol.

Eu me lembro de passar horas apenas observando as varandas de ferro forjado, imaginando as vidas que ali se desenrolaram, sentindo o pulso vibrante da cidade, um misto de nostalgia e resiliência que permeia cada tijolo.

2. A cada passo, percebemos como a vida cubana se desenrola nas ruas: crianças brincando, vizinhos conversando de uma varanda para outra, músicos tocando sons que parecem vir da própria alma da ilha.

Essa interação constante com o ambiente e com as pessoas é algo que só se absorve verdadeiramente quando se caminha, quando se permite ser parte do cenário e não apenas um observador passivo.

A cidade respira em seus passos, e você respira com ela.

Desvendando os Segredos de Viñales: Natureza e Vida Rural Cubana

Saindo do burburinho da cidade, minha próxima aventura a pé me levou a Viñales, no oeste de Cuba. Se Havana é a alma urbana, Viñales é o coração verde e tranquilo do país.

A paisagem lá é de tirar o fôlego, com os famosos “mogotes” – formações rochosas calcárias arredondadas – que se erguem do vale como gigantes adormecidos.

Caminhar por Viñales é uma experiência completamente diferente: o ar é puro, o cheiro de terra molhada se mistura com o aroma do tabaco fresco, e o som dominante é o dos pássaros e o ocasional relinchar de um cavalo.

Eu lembro de ter feito uma trilha guiada por um fazendeiro local, que me mostrou não apenas as plantações de tabaco, mas também me ensinou sobre a flora e fauna local, os segredos da plantação de café e a vida simples e árdua, mas profundamente conectada à natureza.

Essa caminhada me fez sentir parte de algo maior, uma testemunha de tradições que resistem ao tempo e à globalização, um verdadeiro privilégio para os sentidos e para a alma.

Pelos Caminhos do Tabaco e Café

1. A trilha que fiz me levou por campos de tabaco verdejantes, onde as folhas eram cuidadosamente colhidas sob o sol cubano. O fazendeiro me explicou todo o processo, desde a semente até o charuto final, e a forma como o tabaco é seco nas casas de cura tradicionais, que pontilham a paisagem com seus telhados inclinados.

Essa jornada a pé pelos campos não foi apenas uma aula de botânica, mas uma imersão na cultura e na economia local, mostrando a dedicação e o suor que existem por trás de cada charuto cubano.

É um trabalho manual, feito com carinho, e senti uma profunda gratidão por poder ver isso de tão perto, sentir o cheiro do tabaco fresco e entender a complexidade por trás de algo tão icônico.

2. Além do tabaco, também visitei plantações de café, escondidas na sombra das árvores maiores. O cheiro do café torrado era inebriante, e tive a chance de provar um café feito na hora, simples e delicioso, com um toque doce de mel local.

Essas paradas, tão orgânicas e espontâneas, são o que tornam as caminhadas em Viñales tão enriquecedoras. A cada passo, uma nova descoberta, um novo sabor, uma nova história contada pelos locais, que compartilham suas vidas com uma generosidade admirável.

Ritmos de Trinidad: Uma Imersão Cultural no Coração de Cuba

Trinidad é como uma cápsula do tempo, um tesouro colonial congelado no tempo, e explorá-la a pé é como dançar em um salão de baile do século XIX. As ruas de paralelepípedos são tão irregulares que parecem te convidar a diminuir o passo, a apreciar cada detalhe, cada cor vibrante das fachadas das casas, cada porta antiga que se abre para revelar um pátio florido.

Lembro-me de uma noite em que a música tomou conta da cidade: o som da rumba e da salsa ecoava de cada canto, e as pessoas, turistas e locais, simplesmente se juntavam nas ruas para dançar.

Eu, que sou um pouco tímida para dançar em público, me senti completamente envolvida por aquela energia e me deixei levar pelo ritmo, em um momento de pura alegria e liberdade.

Caminhar por Trinidad é sentir o pulso da cultura cubana de uma forma que poucas outras cidades proporcionam, é viver a história com todos os seus sentidos.

Dançando nas Ruas de Paralelepípedos

1. Na Plaza Mayor de Trinidad, as escadarias que levam à Casa de la Música se tornam um palco ao ar livre todas as noites. A música ao vivo é hipnotizante, e não há como resistir ao convite para se juntar à dança.

É uma celebração espontânea da vida e da cultura. Eu vi casais de idosos dançando com uma elegância e paixão que só a experiência pode trazer, e jovens turistas tentando imitar os passos com um misto de entusiasmo e descoordenação.

É um espetáculo em si, e estar ali, no meio daquela efervescência, é sentir a essência da alegria cubana, uma alegria que se manifesta livremente e te arrasta junto.

2. Durante o dia, as mesmas ruas se transformam em uma galeria de arte a céu aberto, com artistas locais expondo suas pinturas, esculturas e artesanato.

A cada esquina, um novo som, um novo cheiro – talvez o aroma adocicado de guarapa (suco de cana-de-açúcar) ou o cheiro forte do café cubano. É uma sinfonia para os sentidos, e caminhar por ali é absorver cada nota, cada pincelada, cada essência, em uma imersão cultural que se torna parte de você.

Sabores e Sons de Cuba: Onde a Gastronomia Encontra a História

Ah, os sabores de Cuba! Para mim, caminhar pela ilha é também uma jornada gastronômica, e grande parte da experiência de comer em Cuba acontece nas ruas.

Lembro-me da primeira vez que experimentei um “frita cubana” – um sanduíche de hambúrguer com batata palha dentro – comprado de um carrinho na rua, depois de uma longa caminhada sob o sol de meio-dia em Havana.

Era simples, mas incrivelmente saboroso, e a interação com o vendedor, que me contava sobre a vida em Cuba enquanto preparava meu lanche, tornou o momento ainda mais especial.

Essa é a beleza de explorar a pé: você descobre os “paladares” (restaurantes privados) mais autênticos, os mercados locais com frutas que você nunca viu antes e os melhores carrinhos de comida de rua, que servem iguarias frescas e cheias de sabor.

Uma Jornada Culinária Inesquecível

1. Em minhas caminhadas, sempre procuro pelos mercados locais, ou “agromercados”. Em um deles, em Cienfuegos, eu descobri uma variedade incrível de frutas tropicais que nunca tinha visto antes.

Comprei algumas e comi na hora, sentindo o sol na pele e o sabor vibrante de cada mordida. O mamão, o abacaxi e o guáiava, ali, frescos e suculentos, são completamente diferentes do que encontramos em outros lugares.

Essas experiências gastronômicas inesperadas são algumas das minhas memórias mais queridas de Cuba, e elas só são possíveis quando se tem a liberdade de caminhar e explorar sem um plano rígido, deixando o apetite guiar seus passos.

2. Além da comida de rua, os “paladares” são um capítulo à parte. Eles são operados por famílias em suas próprias casas, e oferecem uma culinária cubana autêntica e muitas vezes sofisticada.

Minha refeição favorita foi em um paladar escondido em Havana, onde a cozinheira, uma senhora com mãos de ouro, preparou um rolo de carne de porco com moros y cristianos (arroz com feijão preto) que ainda hoje me faz salivar só de lembrar.

A atmosfera era íntima, quase como se estivéssemos jantando na casa de amigos, e a conversa fluía tão naturalmente quanto o ritmo da música que tocava baixinho.

A Banda Sonora da Ilha: Da Rumba ao Son Cubano

1. Assim como a comida, a música em Cuba é onipresente. Cada rua, cada praça, cada bar parece ter sua própria trilha sonora.

Em Santiago de Cuba, berço do son cubano, as melodias parecem brotar do próprio asfalto. Lembro de passar por uma casa onde a porta estava aberta e uma família inteira tocava e cantava, com uma paixão que me fez parar e simplesmente absorver aquele momento.

Era uma rumba espontânea, cheia de energia, e me senti grata por poder testemunhar a riqueza cultural da ilha em sua forma mais pura. A música te acompanha em cada passo, seja ela vinda de um rádio antigo, de um grupo de músicos de rua ou de um ensaio de rumba no pátio de uma casa.

2. Essa imersão sonora transforma a caminhada em uma dança lenta, onde cada ritmo te convida a sentir mais profundamente o ambiente. É uma experiência sinestésica: o cheiro do charuto, o sabor do café, as cores vibrantes e os sons que te envolvem, tudo se une em uma experiência inesquecível que só se desfruta plenamente quando se está no chão, sentindo a terra e ouvindo o coração da ilha.

Dicas Essenciais para o Caminhante Urbano em Cuba: Preparação e Segurança

A emoção de explorar Cuba a pé é inegável, mas como em qualquer aventura, a preparação faz toda a diferença. Afinal, ninguém quer que uma dor no pé ou um imprevisto atrapalhe uma experiência tão rica.

Na minha primeira viagem, cometi o erro de subestimar o calor e a intensidade das caminhadas, e acabei com bolhas nos pés e um certo cansaço que poderia ter sido evitado.

Com o tempo e algumas viagens de aprendizado, percebi que algumas precauções básicas podem transformar sua jornada de boa para extraordinária. É importante lembrar que, embora Cuba seja geralmente segura, a cautela e o respeito às normas locais são sempre bons companheiros de viagem.

Preparar-se adequadamente significa não apenas pensar no que vestir ou levar, mas também em como se comportar e interagir com o ambiente e as pessoas de uma forma que seja benéfica para todos.

Equipamento Indispensável para sua Aventura

1. Calçados Confortáveis: Esta é a dica de ouro. Não importa quão estilosos sejam seus sapatos, se não forem confortáveis para longas caminhadas em ruas irregulares, eles se tornarão seus piores inimigos.

Invista em tênis ou sandálias de caminhada bem amortecidos. Eu, pessoalmente, uso um par de tênis que já estão “batidos”, mas que me dão segurança e conforto por horas.

E leve um par extra, só para garantir! 2. Hidratação Constante: O sol cubano é intenso, e a desidratação pode acontecer rapidamente.

Eu sempre carrego uma garrafa de água reutilizável e a encho sempre que tenho oportunidade. Pequenas lojas e algumas casas de família vendem água engarrafada, mas tente estar atento para comprar em lugares confiáveis.

3. Proteção Solar: Chapéu de abas largas, óculos de sol e protetor solar são seus melhores amigos. Não subestime o sol tropical, mesmo em dias nublados.

4. Mochila Leve: Leve apenas o essencial. Uma mochila pequena para água, câmera, protetor solar e talvez um pequeno kit de primeiros socorros para bolhas.

5. Dinheiro em Espécie: Cartões nem sempre são aceitos, e a internet pode ser instável. Tenha sempre CUP (Peso Cubano) em espécie para pequenas compras, transporte e gorjetas.

É a moeda do dia a dia. Aqui está um pequeno guia prático do que eu considero essencial para uma caminhada confortável e segura em Cuba:

Item Essencial Por Que É Importante Dica Extra
Calçados Confortáveis Ruas irregulares, longas caminhadas Leve um par extra e meias que absorvam umidade
Garrafa de Água Reutilizável Hidratação constante sob o sol forte Encha sempre que encontrar uma fonte confiável
Protetor Solar e Chapéu/Boné Proteção contra o sol tropical intenso Reaplique a cada 2 horas, mesmo em dias nublados
Dinheiro em Espécie (CUP) Pagamentos em mercados, transporte, pequenas lojas Sempre tenha notas pequenas para facilitar o troco
Kit de Primeiros Socorros Básico Bolhas, pequenos arranhões, analgésicos Inclua curativos para bolhas e antisséptico
Carregador Portátil (Power Bank) Para manter o celular carregado (mapas, fotos) A energia pode ser inconstante, então é uma segurança

Navegando pela Ilha com Respeito e Autenticidade

1. Mapas Offline: Não conte com Wi-Fi. Baixe mapas offline no seu celular (aplicativos como Maps.me ou Google Maps) antes de sair do seu alojamento.

Isso foi um salva-vidas para mim em muitas ocasiões, especialmente quando me perdia nas vielas de Havana. 2. Aprenda Frases Básicas: Um “Hola”, “Gracias”, “Por favor”, “Cuánto cuesta?” e “Una botella de agua, por favor” farão maravilhas.

Os cubanos são extremamente receptivos a quem tenta se comunicar em seu idioma. Eu percebi que mesmo minhas tentativas desajeitadas de espanhol eram recebidas com sorrisos e paciência.

3. Respeito Cultural: Cuba tem suas particularidades. Vista-se com modéstia em locais religiosos, seja respeitoso ao fotografar pessoas (sempre peça permissão) e esteja ciente das normas sociais.

A autenticidade da viagem se baseia no respeito mútuo. Lembre-se, você é um convidado. 4.

Flexibilidade: As coisas podem não acontecer como planejado, e isso faz parte do charme de Cuba. Abrace os imprevistos, as mudanças de planos. É na capacidade de se adaptar que as melhores histórias de viagem são criadas.

Além do Óbvio: Encontrando a Autenticidade Cubana Longe do Roteiro Batido

Quando penso nas minhas viagens a Cuba, as memórias mais vívidas e preciosas não são as dos pontos turísticos famosos, mas sim aquelas em que me afastei do óbvio, explorando os cantos menos frequentados da ilha a pé.

É nesses lugares que a verdadeira Cuba se revela, sem maquiagem turística, pulsando com a vida cotidiana de seu povo. Lembro-me de uma tarde em Santa Clara, onde, em vez de ir direto ao monumento de Che Guevara, decidi caminhar pelos bairros residenciais adjacentes.

Lá, encontrei crianças jogando beisebol na rua, avós contando histórias em suas varandas e o cheiro de roupa lavada secando ao sol. Essa imersão mais profunda me permitiu ver a resiliência, a criatividade e a inabalável alegria dos cubanos, mesmo diante dos desafios.

É uma experiência que transcende o turismo, tornando-se uma conexão humana genuína que eu guardo com carinho no coração.

Explorando Bairros Esquecidos e Praças Escondidas

1. Minha descoberta desses tesouros escondidos geralmente começa com uma decisão simples: “Vou virar à direita aqui e ver o que encontro”. Foi assim que, em Cienfuegos, me deparei com um bairro onde cada casa parecia uma pintura, com jardins exuberantes e cores vibrantes, muito diferentes do centro histórico mais formal.

As pessoas eram curiosas e acolhedoras, e acabei sendo convidada para tomar um café em uma casa, onde a conversa fluiu sobre suas vidas, suas esperanças e seus sonhos.

Esses encontros improvisados são a essência da viagem a pé, pois te permitem desvendar as camadas mais profundas de um lugar, aquelas que os ônibus de turismo nunca alcançarão.

2. Em Santiago de Cuba, ao invés de seguir a multidão para os pontos mais conhecidos, me perdi intencionalmente pelas ladeiras de El Tivolí, um bairro histórico e boêmio.

Cada rua contava uma história, com suas casas coloridas e pessoas conversando nas calçadas. Encontrei uma pequena praça onde idosos jogavam xadrez sob a sombra de uma árvore, e o silêncio quebrado apenas pelo claque das peças era um bálsamo para a alma.

Esses momentos de quietude e observação, longe do burburinho turístico, são onde a verdadeira beleza e a alma de Cuba se revelam.

O Poder do Encontro Genuíno: Histórias Contadas nas Ruas

1. Para mim, a maior recompensa de viajar a pé é o encontro com as pessoas. Em Cuba, as interações nas ruas são ricas e cheias de vida.

Lembro-me de uma senhora em Camagüey que, ao me ver admirando sua casa, me chamou para dentro e me contou sobre sua família, sobre a história do bairro, e até me mostrou fotos antigas.

Sua generosidade e a simplicidade de seu gesto me tocaram profundamente. Essas histórias, contadas em primeira pessoa, com a paixão e o sotaque cubano, são muito mais valiosas do que qualquer guia de viagem pode oferecer.

2. Quando você caminha, você está no nível das pessoas, não dentro de um veículo que te isola. Isso naturalmente convida à conversa, ao sorriso, ao contato visual.

É uma troca de energia que torna a viagem não apenas um passeio por paisagens e monumentos, mas uma jornada de conexão humana. A autenticidade de Cuba, seu calor humano e sua resiliência, são melhor compreendidos e sentidos quando você decide explorar a ilha a pé, com o coração e a mente abertos para o que o caminho tem a oferecer.

글을 마치며

Caminhar por Cuba é, para mim, a maneira mais profunda e gratificante de desvendar a sua alma. Não é apenas sobre percorrer distâncias, mas sobre imergir-se nos ritmos da vida local, nos cheiros, nos sons e, acima de tudo, nas histórias contadas pelos cubanos.

Cada passo é uma descoberta, uma conexão autêntica que transcende o roteiro turístico e se aloja na memória como um tesouro. Que suas próprias caminhadas por esta ilha mágica sejam tão transformadoras quanto as minhas, repletas de encontros e momentos inesquecíveis.

Informações Úteis para Sua Aventura em Cuba

1. Conexão à Internet: A internet em Cuba ainda é limitada e pode ser cara. Procure por pontos Wi-Fi em praças ou hotéis e compre cartões ETECSA (Nauta) para acessar. Esteja preparado para desconectar e aproveitar o momento.

2. Acomodação em Casas Particulares: Para uma experiência autêntica, opte por ficar em “casas particulares”, quartos ou casas alugados diretamente de famílias cubanas. É uma ótima forma de vivenciar a cultura local e obter dicas valiosas dos anfitriões.

3. Transporte Local: Além de caminhar, explore os meios de transporte locais como os “almendrones” (táxis coletivos em carros antigos) ou “coches” (charretes em cidades menores). Eles são uma parte vibrante da experiência cubana e mais econômicos.

4. Moeda: A moeda oficial para turistas é o Peso Cubano (CUP). Certifique-se de ter dinheiro em espécie, pois cartões de crédito/débito de bancos americanos não funcionam e a aceitação de cartões internacionais é limitada.

5. Cuidado com a Água: Beba apenas água engarrafada ou filtrada. A água da torneira não é segura para consumo direto. Mantenha-se sempre hidratado, especialmente sob o sol forte.

Resumo Importante

Para uma experiência cubana verdadeiramente rica e autêntica, caminhe. Permita-se perder nas ruas, conectar com os locais e absorver a cultura da ilha a cada passo.

A preparação adequada e o respeito cultural são chaves para uma viagem inesquecível.

Perguntas Frequentes (FAQ) 📖

P: “Perder-se de propósito”, como você mencionou, soa incrível, mas como garantir a segurança e aproveitar essa imersão, especialmente em áreas menos turísticas?

R: Ah, essa é uma ótima pergunta e algo que me preocupava no início. O que eu descobri é que, embora a curiosidade seja a chave, um pouco de bom senso e respeito são essenciais.
Cuba, no geral, é um país seguro para turistas, mas como em qualquer lugar do mundo, pequenas precauções fazem a diferença. Mantenha os olhos abertos, mas não pareça desconfiado.
Eu sempre evito ostentar objetos de valor e carrego apenas o essencial. Aprender algumas frases básicas em espanhol – “Hola”, “Gracias”, “Por favor”, “Cuánto cuesta?” – faz maravilhas.
As pessoas lá são incrivelmente receptivas, e muitas vezes, um sorriso e um “Hola” genuíno abrem portas para conversas inesperadas e dicas locais valiosas.
Lembro-me de uma vez em Cienfuegos, um senhor me viu com um mapa e, sem que eu pedisse, me indicou um café que eu jamais encontraria sozinho. Confie na sua intuição, mas esteja aberto a interações.
Acredite, a verdadeira segurança vem da conexão humana.

P: Você fala sobre uma “imersão profunda na alma de um país vibrante”. Como posso, de fato, ir além do superficial e vivenciar o cotidiano e a resiliência do povo cubano caminhando?

R: Essa é a cereja do bolo de andar por Cuba! Para mim, a verdadeira conexão acontece quando você se permite ser parte do fluxo, não apenas um observador.
Esqueça o guia turístico por umas horas e siga seu nariz (ou o som da música!). Uma das coisas que mais me marcou foi passar uma tarde sentado na calçada em um bairro residencial de Trinidad, observando as crianças jogando beisebol com um pedaço de pau e uma bola improvisada, as vizinhas conversando nas portas, o vendedor de pão passando com sua bicicleta adaptada.
Não fiz nada de especial, apenas estive lá. Experimente comprar frutas frescas de um vendedor de rua, sente-se num “paladar” (restaurante particular) minúsculo e converse com o dono, ou simplesmente pare para ouvir uma banda de rua.
A resiliência deles está em cada sorriso, em cada casa colorida remendada, na música que nunca para. É nessas pequenas interações, nesses momentos despretensiosos, que você sente o pulso da vida cubana, percebe a capacidade deles de transformar dificuldades em algo belo e autêntico.
É aí que a magia acontece.

P: Para quem se inspirou e quer “desvendar os segredos escondidos” de Cuba a pé, qual seria a sua dica essencial de preparação e qual a melhor época para essa aventura?

R: Se eu pudesse dar apenas uma dica, seria: prepare-se para caminhar, mas principalmente, prepare-se para se surpreender. Não é como uma trilha na montanha, mas você vai andar muito, então um bom par de tênis confortáveis é fundamental.
Esqueça os sapatos bonitos, sério. Além disso, leve protetor solar, um chapéu e uma garrafa de água reutilizável – o calor pode ser intenso. Em termos de documentação, claro, seu visto e passaporte são inegociáveis.
Sobre a melhor época, eu diria que a estação seca, de novembro a abril, é a ideal. As temperaturas são mais amenas, e a umidade é menor, tornando as caminhadas muito mais agradáveis.
Dezembro e janeiro são perfeitos. Evite o pico do verão (julho e agosto) por causa do calor extremo e da temporada de furacões. Mas, independentemente da época, o espírito cubano está sempre lá, esperando para ser descoberto a cada passo que você der.
É uma experiência que muda a gente, de verdade.

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